Reis,
Filósofos, Iluminados e Maçons Proeminentes
Buda
Desenvolvendo
as Quatro Verdades Excelentes, partiu para a doutrina através do
Vale do Ganges, dando início à sua pregação em Benares no Parque
das Gazelas.
Durante
quarenta anos pregou a sua doutrina e quando morreu, em avançada
idade, deixou um ensinamento que perdura há vinte e seis séculos
entre milhões de adeptos.
Buda
é um termo que define o estado de consciência de quem alcançou o
conhecimento total, e significa também, “sábio”, “iluminado”
e “aquele que despertou”.
Os
budistas admitem a existência de outros Budas passados e a
possibilidade de surgirem novos, para o futuro.
O
primeiro Buda é aquele que pregou a doutrina, ou seja: Samâsambuda,
um Buda universal ou de compaixão. O segundo, “Paceka Buda”, é
no conceito popular um “Buda Egoísta” assim denominado porque
tendo atingido a liberação, passa ao “Nibâna” sem se preocupar
com a salvação dos homens.
O
número de “Pacekas” é ilimitado, mas nenhum pode ser comparado
com Buda, o Senhor Gotama.
Buda,
ao formular o dogma das Quatro Verdades assim o expressa: “A dor”;
“a origem da dor”; “a destruição da dor”; “o caminho que
conduz à destruição da dor”.
A
Primeira Verdade ensina que o mundo é o reino do sofrimento; e a
nobre verdade que conduz ao sofrimento é esta: a velhice é
sofrimento; a doença é sofrimento; a morte é sofrimento; estar
ligado ao que se detesta é sofrimento; estar separo do que ama é
sofrimento; não realizar o que se deseja é sofrimento.
A
Segunda Verdade demonstra a origem da dor; o desejo que nasce da
ignorância. É o desejo que conduz de renascimento a renascimento,
acompanhado da avidez, da sede de prazer, da sede da existência ou
de impermanência.
Segue
com a “produção continuada”, “a dependência das origens”,
e o “encadeamento das causas e dos efeitos”, assim exposta: da
ignorância surgem as formações, das formações surge o
conhecimento, do conhecimento surgem os nomes e os corpos, isso é a
essência e a substância da própria individualidade; dos nomes e
dos corpos, surgem os “domínios”, isto é, os seis sentidos; dos
domínios surge o contato; do contato surge a sensação; da sensação
surge o desejo; do desejo surge o apego à existência, do apego à
existência, surge a própria existência; da existência surge o
nascimento; do nascimento surgem a velhice e a morte.
São
esses os doze “Nidânas”.
A
Terceira Verdade, aponta o meio de destruir a causa do desejo, ou
mais claramente, a própria Dor, em si mesma, aniquilando e
suprimindo a própria existência.
Essa
supressão não se assemelha a um suicídio.
Ela
significa a realização da “Nobre Libertação”, que significa
poder o homem despedaçar as algemas que o prende ao circulo dos
nascimentos, mortes e renascimentos sucessivos, origem de todas as
misérias desta vida.
A
possibilidade de tal realização está na Quarta Verdade, que é o
Nobre Caminho das Oito Sendas: FÉ perfeita; VONTADE perfeita;
PALAVRA perfeita; AÇÃO perfeita; MEIOS DE EXISTÊNCIA perfeitos;
APLICAÇÃO perfeita; MEMÓRIA perfeita e MEDITAÇÃO perfeita.
Com
a realização da Quarta Verdade, o homem nada mais precisa se
libertar do terrível império da dor.
Se
ele possui a FÉ perfeita não terá os horrores da incerteza; se ele
tem a VERDADE perfeita não o alcançarão as misérias da fraqueza;
se ele tem a PALAVRA perfeita, não molestará com a linguagem
venenosa; se ele tem a AÇÃO perfeita, não ofenderá com o gesto
inconsequente; se ele tem a PROFISSÃO perfeita, não perturbará a
existência do próximo; se ele tem a APLICAÇÃO perfeita, colhera
resultados perfeitos e se ele tem a MEDITAÇÃO perfeita, engendrará
pensamentos puros.
A
resultante da prática perfeita do Nobre Caminho das Oito Sendas,
aniquila o “KARMA”; e aniquilando o Karma, extingui-se a
Concepção; extinta a concepção, desaparecem o nome e a forma;
extintos o nome e a forma não existem domínios; não havendo
domínios, cessam os contatos; não havendo os contatos, não há
desejos; não havendo desejos não há o apego à existência; não
havendo apego à existência, não há razão para o nascimento; não
havendo nascimento não haverá velhice nem morte.
Neste
caso, “A Cadeia das Causas e dos Efeitos” estará rompida e o
homem alcança a LIBERTAÇÃO, único objetivo do Budismo.
A
doutrina de Buda, é antes de tudo, uma disciplina filosófica, e
propriamente, uma religião.
Não
admita que haja “interventores divinos” na vida do homem, embora
a presença de Deus seja básica.
Enquanto
vivo Buda, não existia uma religião budista, essa, surgiu após a
sua morte.
A
lei do Karma, era uma concepção muito antiga; Buda, deu-lhe forma
humanitária; todo comportamento atual do homem, procede de uma vida
anterior; este ciclo é permanente e infinito. Por tanto, não há um
fim.
Assim,
uma vida terrena curta, uma vida longa, um estado enfermiço, uma
vida saudável, a pobreza, a abundância, um nascimento inferior ou
elevado, a ignorância ou sabedoria, tudo, dependem de atos cometidos
nas vidas precedentes.
A
lei do Karma é vista como um deus que não escuta preces, mas que é
sumamente justo. Os atos maus são imperdoáveis, eles devem ser
reparados; uma boa ação adquire um grande valor.
“Mas
quando recebemos o perdão e não reparamos o mal que por ventura
tenhamos praticado, esse perdão, queima-nos a consciência como nos
queima um ferro em brasa; é uma covardia desprezível para quem
assim o aceita. E por isso, o Karma inexorável, exige de quem
pratica o mal, a quem quer que seja, à pedra, ao animal, ao homem,
às coisas inconscientes, a reparação absoluta, completa, integral,
sem o que, o ofensor jamais deixará o “sansara odioso”.
É
inquestionavelmente, o precursor da defesa ecológica.
A
reparação de uma má ação, é o cumprimento de um dever, jamais,
um ato de altruísmo.
Uma
vez criada uma força, não se aniquila: é a lei do “encadeamento”
indefinido. É o “Karma vipâka”, ação e fruto.
É
a Cadeia de União Universal.
Uma
pessoal, não passa de uma mera “reencarnação” viva das
atividades passadas de ordem física ou psíquica.
A
moral budista é o resultado do comportamento; o pecado é uma
auto-ofensa, porque o homem, achando-se só é vigiado
permanentemente, pelo Karma; o que fizer de bom, produzirá boas
reações; o que for perverso, reverterá para si próprio o
resultado.
“O
mal que me fazes, não me faz mal; o bem que eu fizer, me faz bem; o
mal que eu praticar, me fará mal.”
Diz
um preceito budista: Dessas más ações por ti praticadas, não
serão responsáveis nem teu pai, nem tua mãe, nem teus amigos, nem
teus conselheiros; foste tu as que cometestes, serás tu quem
colherás os frutos por elas produzidos.
Difere
do judaísmo que promete castigo, às gerações futuras.
Aquele
que praticar mal induzido por companheiro perverso, não terá
responsabilidade dividida; certamente, o indutor, não escapará a
essa contribuição; o praticante expiara o seu pecado no grau
equivalente ao do mal produzido.
É
o conceito atual do direito penal; há a figura da coautoria, mas
cada agente, cumpre a sua própria pena, que, ao contrário, em vez
de ser dividida por dois, é acrescida de uma terça parte.
“Qualquer
que seja a causa do teu sofrimento, não molestes o teu irmão; por
que se fores de encontro a uma árvore ou à rocha do caminho, crê
antes na tua própria falta de equilíbrio, do que alguém que te
haja empurrado. Se alguém te mandar vibrar uma pancada de encontro a
um muro, com a tua própria mão, serão naturalmente os teus dedos
que ficarão doloridos.
Se
abusares da temperança, também não será o teu vizinho que sofrerá
as consequências. Esta é a nota predominante da moral budista. Por
todo lugar é lembrado o princípio da responsabilidade pessoal: nada
de evitar a consequência nada de fugir às responsabilidades; nada
de dividir as culpas de um pecado.
Por
isso o budista não se queixa, não se lamenta, não se maldiz, não
suplica, não reza, não faz orações. A quem? À impermanência das
coisas? Ao Karna inexorável?
Quando
ele se encontra em atroz contingência, sufocado pela angústia moral
ou pela dor física, lembra-se do formoso “samana” dos Sakyas:
Nosso Senhor o Buda, o reconhece não cumpriu as prescrições do
NOBRE CAMINHO DAS OITO SENDAS: Fé, vontade, palavra, ação, meios
de existência, memória e meditação pura. E então, exclama:
“Damam saranam gacami” (Senhor eu me refugio na tua Lei).
É
flagrante a diferença com o Cristianismo, quando o homem,
abraçando-se a uma fé que lhe convém, pede perdão de suas faltas
e, sem qualquer comprovação, mas porque lhe convém, “sente-se
perdoado”, e então, inicia, outas séries de transgressões!
A
prática da atual doutrina budista pode ser resumida na seguinte
frase: “Assim como em uma casa, cujo teto está em perfeito estado,
não penetra a chuva, no homem que medita não penetram as paixões”.
É
a mesma máxima maçônica de “estar coberto” numa interpretação
mais filosófica.
As
meditações prescritas constituem em disciplina, iniciação na sua
forma mais simples de aceitar e compreender as Quatro Verdades
Excelentes, até o “Semâdi”, que é a meditação perfeita.
A
meditação inicial consiste na profunda “reflexão” sobre a
natureza das coisas.
A
segunda meditação é a cultura da força de concentração mental.
Para
meditar há uma preparação de exercícios da memória e a
constância diária de devoção; o exercício da memória conduz à
lembrança das reincarnações passadas.
A
meditação conduz ao Nobre Caminho e interdita as seguintes ações:
não matar, não roubar, não ter vida licenciosa, não mentir, não
se embriagar nem usar narcóticos.
Com
essas interdições são evitadas as seguintes transgressões: morte,
roubo e luxuria; mentira, injuria, maledicência e tagarelice;
cobiça, hipocrisia e negligência na mente.
Evitadas
as transgressões, evitam-se os seguintes pecados: desejo, ódio,
ignorância, vaidade, heresia, duvida, preguiça, arrogância,
impudor e dureza de coração.
É
de notar, que o não matar, não se limita ao ser humano, mas também
aos demais reinos.
E
há mais: purificação da mente e atração do corpo; purificação
das sensações; purificação das inclinações; purificação dos
fenômenos objetivos.
Esforço
para evitar o ressurgimento; esforço para expulsar o egoísmo que
surgiu; esforço para produzir a bondade que não existe; esforço
para aumentar a bondade que porventura possa existir.
Exercício
do intelecto; não deixar a Senda enquanto não conquistar o
“Nibâna”; preservar a mente de pensamentos impuros; manter o
desejo de investigações.
Manter
os cinco poderes mentais: confiança, energia, vigilância da mente,
concentração e aquisição de sabedoria.
Manter
os cinco sentidos espirituais: preservação da fé, energia para
combater a ignorância, vigilância mental, tranquilidade da mente e
aquisição de conhecimento.
Obter
os sete auxílios: purificação da faculdade de recordação,
aumento de força de vontade, purificação da sabedoria, calma
corporal e espiritual depois da extinção dos pecados, purificação
da alegria, concentração do espírito, calma superior,
desprendimento da mente para toda existência orgânica.
Destruir
os dez laços: ideia errônea da permanência pessoal da alma; a
dúvida sobre a existência passada e futura, eficácia das
cerimônias e ritual, o desejo dos gozos sensuais. Inveja, ciúme e
avareza; desejo de viver sobre as formas corpóreas; desejo de viver
sem forma. Orgulho, intranquilidade e ignorância.
Livro: O Ápice da Pirâmide – Literatura Maçônica
Autor: Rizzardo da Camino
Editora Aurora
2ª edição
Por: Sílvia Andréia